De tempos a tempos, surgem novas tendências que, fruto da utilização democrática das novas tecnologias, se espalham tão rapidamente como fogo num palheiro.Todos opinam, criticam, as opiniões divergem e as discussões ficam acaloradas.
Agora, surgiu esta discórdia em torno da amamentação em público. Se bem me lembro, ainda há pouco tempo se faziam campanhas de incentivo à amamentação. Agora, apela-se à segregação mamária.
Ora bem, o que se me apraz dizer, do alto dos meus 3 anos de amamentação (a dividir equitativamente pelas minhas duas crias), é que - espanto!!! - a amamentação é um acto natural e muito saudável, tanto para a mãe quanto para o bebé.
Eu pertenço à velha escola da "fraldinha por cima do ombro" a salvaguardar as minhas mamas de olhares indesejáveis mas eu sou eu e senti-me mais confortável reduzindo a exibição total do meu corpo à época balnear ou ao abrigo do meu lar.
Não penso que todas as mulheres devam ser ostensivas de cada vez que amamentam os seus filhos em público e, se algumas o fazem, penso que são diminutas e tristes excepções.
Ao longo dos meus 3 anos de amamentação, fui surpreendida pela fome voraz dos meus infantes manifestada através de agudos e desesperados choros. Desafio alguém que transporte o alimento das suas crias em si própria a aguardar calmamente até chegar à casa de banho mais próxima, sentar-se num tampo de sanita de limpeza duvidosa, sujeita a cheiros altamente questionáveis para tentar equilibrar um bebé em pranto, um saco de fraldas, uma carteira e ainda desapertar a roupa sem saber onde pousar a sua mercadoria... afigura-se-me uma tarefa hercúlea e de condições higiénicas muito precárias. No meu caso, houve lugar a aleitamento em hipermercados, na rua, na praia, em esplanadas, no local de trabalho, em casa de amigos ou familiares, etc.
Hipocrisia é a palavra que me ocorre quando somos bombardeados todos os dias com decotes generosos quer nas redes sociais, quer em filmes, novelas, reality shows e até em insuspeitos programas televisivos familiares.
O bom gosto, a elegância e o bom senso devem presidir a esta decisão que pertence à mulher, exclusivamente. Há truques e maneiras de se agir por forma a não chocar as mentes mais puritanas: a velha fralda de pano, a procura de um local mais sossegado (para bem do bebé, essencialmente) e muita, muita descontração.
A amamentação, para quem não sabe, é um momento único e privilegiado de cumplicidade entre mãe e filho. Basta observar com atenção o olhar que o bebé dirige à sua progenitora neste momento tão especial. Este olhar encerra o segredo da vida... para aquele bebé o ser que o está a alimentar é o seu mundo e é isso que sacraliza este acto. Se existe alguém que não consegue ver para além de umas mamas, ou é um cego emocional ou é alguém que não controla os seus impulsos.
Não são os olhos da mãe que estão errados, são os olhos de quem "olha"!
No entanto, esta questão cheira-me a "não questão", ou seja, enquanto o Brasil legisla a amamentação em público e Portugal legisla o piropo, assuntos mais importantes são escamoteados e, de questãozinha em questãozinha, o povo vai ficando inebriado pelos vapores de uma alegada democracia que lhe permite expressar a sua opinião... agora falta saber sobre o quê e para quê.
Acabo incentivando as mulheres à amamentação (não tem que doer, não estraga o peito), em casa ou em público, fazendo uso do bom senso e recato adequados à situação ou a nada disto se o bebé estiver mesmo com fome... num caso destes, uma fralda ou um casaco resolvem o assunto!
E, já agora, em relação aos decotes, usa quem pode! Há mulheres que exibem com orgulho e bom gosto o que a natureza lhes deu, outras há que deveriam ser proibidas de partilhar tais aberrações. Às mais jovens só tenho a dizer que preservem a sua imagem porque uma mulher não é um par de mamas e, se queremos que os homens mudem as suas atitudes trogloditas, temos que começar por lhes mostrar que somos e valemos muito mais do que o nosso corpo!
Desejo a todos um óptimo fim de semana!
sábado, 16 de janeiro de 2016
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