Os homens... Os homens...
Depois de muito tempo e fazendo uma rápida inspecção aos espécimes que entraram na minha vida não me ocorre grande coisa, ou seja, o que me ocorre pouco ou nada tem de elogioso, senão vejamos:
Começo por me lembrar do meu pai, uma "figura", o infiel por excelência, sempre com a mentira na ponta da língua, vigaristazinho de canto de esquina, pronto para atacar o ou a próximo/a incauto/a, incluindo os próprios filhos. Posso reservar um canto deste meu espaço para o meu pai mas mais tarde e depois de mais umas valentes horas de psicoterapia.
O meu irmão mais velho perdeu-se nos vapores do álcool ainda muito jovem e hoje não sei quem ele é ou como é. Reservo um espaço também para ele e para o alcoolismo e também para mais tarde.
O meu primeiro marido, pai dos meus adorados filhos, líder incontestável das maiores ilações da minha vida, sendo que a principal foi a forma como não devemos tratar o nosso cônjuge:
- Não se deve roubar a identidade à pessoa de quem gostamos;
- Não se deve forçar a nossa companheira a fazer ou dizer o que não quer;
- Não devemos dizer, vezes sem conta, anos a fio: "Cala-te que não sabes o que dizes!", "Sais mesmo à tua família!", "Se eu não ficasse contigo, ninguém te queria!", "Vai-te vestir em condições, pareces uma ordinária!", "Não me envergonhes junto da minha família!" e muito mais;
- Não se deve erguer a mão contra os mais fracos, seja a mulher, sejam os filhos;
- Não se deve insultar ou maltratar a pessoa que dizemos amar.
Assim, ao fim de dezoito anos penosos e muito cheios de hipocrisia e insegurança, lá consegui fugir deste casamento, literalmente. Não tecerei mais considerações sobre ele (daria uma boa novela venezuelana) porque é pai dos meus filhos e eu amo-os e respeito-os ao ponto de evitar tecer comentários sobre o progenitor.
Com o segundo, vivi em união de facto, durante 3 anos que preferia apagar do meu passado mas como ele morreu, respeitarei a sua memória e a sua família, escusando-me a falar do que quer que seja. Foi mau demais... e chega!
Com o terceiro e último, espero, vivi a história de amor mais bonita da minha vida!!! Nos primeiros meses, note-se!
Foi o homem que mais amei e em quem depositei a minha última réstia de admiração e fé no sexo masculino.
E foi mesmo ele que me roubou tudo, tudo até a minha saúde. Sugou toda a minha energia, todo o meu amor, toda a minha ingénua credulidade. Literalmente, andei com ele ao colo durante os 8 anos que a nossa relação durou.
O meu amor resistiu a alcoolismo, desemprego, empregos precários, depressões, internamentos, desintoxicações, sanções disciplinares no trabalho, traições várias, violência, tudo, resistiu a tudo sempre em silêncio. Levei-o ao colo quando foi internado, mais do que uma vez, levei-o ao colo quando foi vergonhosamente despedido, levei-o ao colo para junto do filho, fiz tudo o que podia para dar certo... Até o emprego que hoje tem, a mim o deve!
Mas cometi um erro grave: fiquei doente, mesmo doente!
Já não podia fazer as mesmas coisas, já não limpava as porcarias que ele sempre deixava para trás, já não podia tolerar o vício dele, o cheiro de vinho barato começou a enojar-me... mas continuei de pé, a demonstrar-lhe um amor incondicional que ele nunca saberá o que é, continuei a dar-lhe os mimos e a aturar-lhe as birras mas já não era suficiente e o que fez este magnífico exemplar do sexo oposto?
Fugiu, tal como nas histórias, "saiu para comprar tabaco" e nunca mais voltou nem para falar comigo nem para vir buscar as roupas nem para dar uma desculpa esfarrapada qualquer.
Fugiu qual rato a abandonar o navio porque o Comandante já começa a fraquejar. É mesmo isso que ele é, um mísero e cobarde rato de navios de luxo, oportunista e interesseiro, manipulador e mentiroso.
Que tipo de homem vira costas a uma família que o acarinhou e ajudou durante 8 anos?
Que tipo de homem vira costas à sua mulher na única, repito, única altura da vida em que era ela a precisar dele?
Que tipo de homem vira costas e deixa uma mulher mergulhada num mar de revolto de emoções viradas ao contrário, saúde a cada dia mais precária e em autêntico, total e premeditado desamparo económico?
Posto isto, tudo o que possa dizer sobre o sexo masculino é, realmente, muito pouco elogioso. Houve mais uns casos, aqui e acolá, sem consequências e sem comportamentos relevantes, nunca o suficiente para eu reforçar alguma admiração pelo sexo oposto que não a da própria anatomia, uma vez que a minha orientação é essa.
Talvez haja homens diferentes, talvez haja homens bons, talvez eu nunca lhes tenha dado particular atenção... deve haver!
Não fiquem zangados com isto, eu é que tenho todo o direito de estar revoltada, tenho todo o direito de detestar todos os homens e nem estou zangada, estou (em bom e claro jargão portuense) fodida e mal paga!
Nunca as palavras da minha tia, solteirona indefectível, fizeram tanto sentido como agora: "Homens? Só os descartáveis... para usar e deitar fora!"
Não sou amarga, apenas estou zangada e a minha idade, a minha saúde ou falta dela, fazem com que eu diga o que me vai na cabeça, finalmente!
Deve haver homens muito bons, casamentos muito consistentes mas, neste momento, reservo-me o direito de não acreditar em homem nenhum nem em casamentos iluminados.
Apenas reforcei a admiração que tenho pelas mulheres e por mim, em particular!
Conheço muito pouca gente capaz de suportar estas provações sem desistir, sem fugir, sem perder o caminho...
Eu continuo de pé, com a cabeça erguida e pronta para tudo mais que a vida me reservar! Acima de tudo, tenho os meus filhos que continuam a ser o meu chão quando já não quero caminhar e são o meu farol quando me perco!
Homens... continuo a observar os que valem a pena ser observados e apenas do ponto de vista artístico e antropológico! (doente mas não cega!).
E pronto, tenho dito (vou embora com o meu enorme par de balls)!
José Raposo, felizmente o meu bom senso deixa-me acreditar que existem homens bons e homens maus, tal como mulheres. Apenas tive azar!!!
ResponderEliminarAgora, retiro-me reservando-me o direito de ficar um pouco desconfiada!
Cumprimentos e obrigada pelo comentário.