
No "meu Facebook", local que frequento, mais ou menos regularmente, desde 2009, li com os meus olhos, com os meus óculos afinados na graduação certa, três exemplos de racismo grosseiro, bacoco e, até hoje, bem disfarçado.
Perguntei-me porquê, porquê agora? O que aconteceu?
E fez-se luz!!!
Aconteceu o Mr. Trump e, a pouco e pouco, vamos assistindo a um crescendo no número de apoiantes que corroboram as suas odiosas teorias. Encarei a sua eleição para presidente dos EUA com um misto de incredulidade e temor. Vejo agora que tinha sérios motivos para isso. As afirmações sexistas e racistas deste senhor já são conhecidas de há algum tempo e a democracia plena dá-lhe o direito de se pronunciar sobre o que quer que seja, ainda que menos politicamente correcto.

A sua eleição deu origem a que hordas hostis saíssem debaixo das pedras lodosas dos pântanos da intolerância e do ódio, onde habitavam escondidos temendo a Democracia e os Direitos Fundamentais dos seres humanos.
Eis que começam a rastejar pelas redes sociais, sem vergonha nem remorsos, afinando as suas funestas melodias, dignas de verdadeiros Trumpetes que são, atirando frases como: "... voltem para a vossa casa, macacos sem rabo...", "... porque é que estas porcas foram para os EUA? Podiam ter ficado na Arábia..." e ainda "...baboon, cor da merda...", esta última dedicada a um dos meus mais queridos, inteligentes e cultos amigos, cujo sentido de humor invejo, confesso.
Ajudem-me a recordar alguns factos: não foram "brancos" os responsáveis pelo Holocausto? Não foram "brancos" que quase exterminaram as tribos da Amazónia? Não foram "brancos" a escravizar e assassinar diversos povos no continente africano? Não foram "brancos" a reduzir os índios americanos a gado em reservas depois de assassínios em massa?
Parece-me que caminhamos a passos largos para a trivialização da violência, para a banalidade do Mal e, a meu ver, essa é a única diferença real entre nós, seres humanos, irmãos na nossa Criação tão perfeitamente imperfeita, o Bem e o Mal, eterna dualidade que nos dividirá ad eternum.
Eduquei os meus filhos na generosidade, na solidariedade, no respeito (não tolerância mas respeito) pelos demais, nos valores fundamentais como a amizade, o amor incondicional pelo próximo, os mesmos que eu própria recebi.

Eu, ao contrário do Sr. Trump que pretende uma limpeza étnica, tenciono fazer na minha página uma limpeza ÉTICA!