segunda-feira, 20 de abril de 2015

O DIA DO CASAMENTO

Dia do meu Casamento

O dia do casamento é, para a maioria das pessoas, o primeiro passo para o encontro com a felicidade suprema, o santo graal das relações apaixonadas. Quantos de nós entraram nessa instituição com o coração ansioso pelos momentos de paixão que se avizinham? E quantos de nós, aproximadamente dois anos depois, fomos atropelados pelo comboio da rotina?

Tenho uma teoria em relação ao casamento: é que este é constituído, definitivamente, pelos melhores e os piores episódios da nossa vida. E porquê?

Na infância e adolescência, grosso modo, o nosso comportamento e personalidade ainda estão condicionados à nossa família, fazemos o que vimos, aprendemos ou ouvimos. Saídos da zona de conforto que é o nosso lar, inebriamo-nos na liberdade de tudo querer, tudo experimentar, tudo vivenciar.
E é no meio desse turbilhão de emoções que nos aparece, como que por magia, o objecto da nossa paixão. Com esta aparição somos acometidos de uma cegueira súbita que nos impede de observar o ser amado em toda a sua plenitude. Muito pelo contrário, todos os defeitos são por nós diminuídos e justificados.
Entretanto, as hormonas enlouquecem e basta um toque numa mão para nos fazer estremecer, um beijo terá o efeito de um terramoto, um abraço intenso age como uma electrocussão, um passeio ao luar ou um jantar romântico deixam-nos com inspiração para sonhos durante uma semana, a intimidade é complicada, obriga a imaginação a trabalhar, reinventando locais para se concretizar como que se de uma aventura se tratasse. O proibido apimenta deliciosamente os mais inenarráveis episódios.
 

É nesta fase que nos enfeitamos e cuidamos para que o outro tenha sempre uma agradável surpresa a cada encontro. Existe um cuidado permanente que perdura pelo tempo de namoro.

Até que surge o dia principal, o dia em que vamos unir as nossas vidas e, aí sim, já não teremos que passar pela provação da separação diária. Vamos dormir juntos e acordar juntos, é um sonho tornado realidade. 


Subitamente, a realidade cai em cima de nós como um desabamento de terras através de uma das mais naturais funções do ser humano: a flatulência.
No início, dá lugar a enormes ataques de riso. Com o abrir das "hostilidades", o outro também virá a responder da mesma forma e, novamente, com gargalhadas à mistura.
Com o passar do tempo, já não tem tanta graça, quer pelo odor quer pelo excesso de actividade intestinal. Mas o "desabamento de terras" não pára por aqui, a estes episódios seguem-se o corte das unhas dos pés (inicialmente no recato da casa de banho, depois pode ser na sala ou no quarto e, em casos graves, na cozinha); a roupa interior manuseada na lavandaria, é decorada com cores e aromas desagradáveis, os pensos higiénicos e tampões no balde do lixo; os pêlos e cabelos que, alternadamente ou em conjunto, se misturam nos ralos; as idas ao wc, de preferência, com máscara anti-gás; os 150 artigos de maquilhagem absolutamente imprescindíveis que ocupam 90%  do armário; as migalhas que teimam em permanecer perto da torradeira e deixam um rasto até à mesa; os frascos de compota eternamente besuntados e muito mais.



Esta catástrofe a que chamamos rotina tende a piorar depois do nascimento do 1º filho e, para os corajosos, do 2º e 3º. "Ele está a chorar! Vai lá tu porque ontem fui eu!", "Vais sair com os teus amigos e eu fico em casa com os miúdos, como sempre... isto tem que acabar!", "Pensas que tens 15 anos? Alguém tem que ser responsável!", "Como é possível não teres visto o estado dos pneus?", "Mato-me a trabalhar para sustentar esta família e nunca chega!", "O marido da Leonor ajuda em tudo na lida da casa, não sei porque não fazes o mesmo!", "Para termos sexo, vou ter que preencher um formulário?", "Antes de casarmos, eras romântico... agora és um troglodita!", " Vais mesmo sair com essa saia tão curta? Ficas com um ar foleiro!", "Não sei onde tinha a cabeça quando casei contigo!"; "Já não te depilas?" e, a frase mais temida pelos homens "Temos que falar!".

E, perguntam-se nesta altura, como podemos seguir outro caminho ou alterar o existente? Não podemos e daí a elevada taxa de divórcios.
Quando muito, poderíamos viver em casas separadas e marcar encontros com o nosso cônjuge, com direito a perfumes, lingerie ousada e velas. Neste caso, todos ganhariam... o casal, em primeiro lugar, pelas razões mais óbvias, o mercado imobiliário que teria o dobro das solicitações, a indústria da restauração que serviria muito mais jantares, as babysitters que teriam o dobro do trabalho, as crianças que passariam a viver em duas casas com os benefícios inerentes a essa condição e, melhor, seriam poupados às intermináveis discussões dos pais dando lugar a menos processos no Tribunal de Família.


Conclusão:

A efectivar-se a solução descrita, para além de sermos muito mais felizes e de proporcionarmos mais felicidade às nossas famílias, os casais constituiriam uma alavanca para o relançamento económico do País através do incremento das aquisições imobiliárias, através das prestações de serviços, de turismo, restauração e lazer. Seria uma mais valia para a Justiça pois os processos ficariam reduzidos a metade. A Saúde também vai beneficiar porque pessoas felizes são menos doentes. A Educação apresentaria melhores resultados uma vez que as crianças estariam mais equilibradas. Resumindo, a relação benefício/ malefício é claramente positiva, ou seja, namoro eterno é garante de estabilidade social. Tente, se conseguir! E seja feliz! :)

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