quinta-feira, 24 de março de 2016

CASADAS COM O INIMIGO

Existem máscaras que colamos a nós como uma primeira pele, é aquela que apresentamos no primeiro instante, a imagem que queremos transmitir. É aquela que nos permite sorrir quando a nossa vida está um caos, é a que nos permite enganar quando estamos a mentir a alguém, é a que utilizamos com mais ou menos escrúpulos, consoante a ocasião ou o tipo de pessoas que somos ou com quem estamos a lidar.
Há as inócuas ou as que só fazem mal a nós próprias mas há as outras máscaras, as que nos enganam, mentem, manipulam e traem, as que são utilizadas por e para o mal. Evidentemente que, se conseguíssemos distanciar-nos emocionalmente, com facilidade daríamos conta dos sinais de alarme.

Esta máscara em particular tem o nome de psicopatia, uma patologia que atinge cerca de 4% da população mundial, sendo que 3% pertencem ao sexo masculino e 1% ao sexo feminino. E daí eu dirigir este texto às mulheres.
Na sua grande maioria não são pessoas particularmente perigosas no sentido de colocarem em risco a vida de quem os rodeia, a exemplo do famoso Hannibal Lecter.


Os psicopatas primários, comunitários ou de colarinho branco circulam livremente entre nós, alcançando, com relativa facilidade, postos de elevada responsabilidade nos seus empregos. A título de curiosidade, um estudo revelou que cerca de 90% dos CEO das empresas revelam traços de psicopatia.

O psicopata não está. O PSICOPATA É.


São pessoas que vivem ao nosso lado e que se destacam pela sua enorme capacidade de atrair as atenções sobre si. São charmosos, simpáticos, inteligentes, bem-humorados. São alvo de avassaladoras paixões, cortejam até à exaustão, qual leão a cansar a sua presa antes desta lhe servir de alimento.

Há numerosos traços comuns e em comum nos psicopatas com quem lidamos no dia a dia e gostaria de vos apresentar um humilde e resumido retrato destes homens que infernizam a vida da mulher que tem o azar de se cruzar no seu caminho.

Infelizmente, tenho no meu currículo pessoal um número bastante significativo destes espécimes, o que me leva a pensar que, ou há um público-alvo para estes predadores, do qual eu tristemente faço parte, ou nasci sob uma estrela sem luz que não me permitiu reconhecer os sinais, apesar da minha lúcida inteligência.

No entanto, se tivermos sorte, podemos passar pela vida sem chegarmos a ser vítimas da sua perversidade.
Estes psicopatas de que falo não matam no sentido literal da palavra, vão matando através da violência verbal, da violência física, da violência psicológica até desprover as suas vitimas da própria alma, levando-as a acreditar que merecem tal tratamento e, pior, que são culpadas de tudo.

Veja se conhece alguém assim:
  • Possui o dom da palavra, é simpático e conquistador no primeiro impacto, com homens e com mulheres;
  • Tem uma auto-estima exagerada e julga-se melhor do que os outros;
  • É um mentirosos patológico. Usa as suas mentiras em benefício próprio, ou seja, para melhorar a sua imagem ou para justificar a sua conduta;
  • Tem um comportamento manipulador e, na maioria das vezes, é suficientemente inteligente para o fazer sem que o outro se aperceba;
  • Não sente remorso ou culpa e nunca têm dúvidas;
  • Quanto a expressar sentimentos, é frio e calculista, desprovido de emoções mas consegue simulá-las, se tal comportamento lhe trouxer algum proveito;
  • É, também, desprovido de empatia, indiferente ao sofrimento alheio e, se provocado, manifesta crueldade;
  • É incapaz de assumir as responsabilidades dos seus actos e recusa-se a aceitar os seus erros porque a culpa é sempre dos outros;
  • Aborrece-se facilmente, por isso, necessita de estímulo constante;
  • Normalmente, adopta um tipo de vida parasitário, suga a energia, o amor, o dinheiro das pessoas que os rodeiam;
  • Age descontroladamente e por impulso;
  • Não tem metas a longo prazo e vive como nómada, sem criar raízes e sem um rumo certo;
  • Tenta separar a sua presa da família de origem, dos seus amigos ou empregos para que melhor possa exercer o seu controlo, sem testemunhas ou impedimentos;
  • Toma atitudes impulsivas de forma recorrente e premeditada. Ao mesmo tempo, não compreende a consequência das suas acções, não as assumindo nunca;
  • É irresponsável e tem uma faceta marcadamente anti-social;
  • Tem uma vida sexual promiscua, pautada por vários relacionamentos breves e em simultâneo;
  • Acumula casamentos de curta duração pois não se compromete por muito tempo, apenas permanecendo comprometido durante o tempo que dura o encantamento. Assim que o cônjuge passa a conhecê-lo bem, foge em busca de uma nova presa.
Durante anos dormi com um inimigo ao meu lado.
Virei a cara para o lado para não ver as mentiras, fechei os olhos com força para não ver os sinais e pensava:"Isto é a minha imaginação, isto não está a acontecer!".
E chegava a dor da culpa, uma dor fininha que se entranhava até aos ossos e comprava o meu silêncio.
Quando pensei que ele já não podia fazer pior, ele superou-se e conseguiu voltar a surpreender-me, da pior forma possível, claro.

Como disse atrás, há mulheres, como eu, com predisposição para este tipo de homens e o preço a pagar por estas escolhas é alto demais e não vale a pena.
Se está numa relação deste tipo, presa por sentimentos, por filhos, por estabilidade financeira, por medo, seja lá a motivação que for, só posso dar-lhe um conselho:

Fuja, saia, liberte-se e não volte a olhar para trás! 

Estes homens não vão mudar nunca, eles não amam ninguém. Pior, se a virem chorar e a contorcer-se de tristeza e culpa, estará a facultar-lhes um mega-orgasmo porque se há coisa que lhes dá prazer é o sofrimento alheio, a humilhação e o medo que o seu comportamento provoca.


Não tente enfrentá-lo ou entrar no seu jogo! Rapidamente se verá rodeada de uma perversa teia de mentiras, sadismo, jogos e esquemas que dificilmente ou nunca terá capacidade de ultrapassar.


Dói tudo, eu sei, dói a dor de ser enganada, dói a dor de estar destruída, dói a dor de se sentir incapaz, dói a dor da solidão, dói a dor da vergonha e dói a dor de todas as dores acumuladas mas, uma vez livre, realmente livre, vai começar a respirar e vai aprender a gostar de si.
Dificilmente o conseguirá sozinha porque um relacionamento deste tipo é altamente destrutivo, é um ataque mortífero à nossa auto-estima mas peça ajuda porque ainda é bom respirar.
Eu sei bem do que falo e é maravilhoso olhar para mim com algum respeito e ter a noção de que ainda há muito trabalho a fazer mas que mereço ter esse trabalho comigo própria.

Quanto a ele... o melhor é deixá-lo "ir morrer longe"!





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