segunda-feira, 9 de novembro de 2015

É SÓ UM MARIDO (bem mais fácil do que deixar de fumar)!



Perdoem-me o meu desabafo mas hoje, no meu local favorito para pensar, o comboio, decidi que não teria mais pena de mim nem de qualquer outra mulher que se encontre na mesma situação.

Um marido é só um marido e apenas tem o peso que ele próprio nos vai deixando nas memórias, nos momentos, nos pequenos e grandes gestos, na convivência, na cumplicidade, no auxílio mútuo, na intimidade, na partilha, na lealdade, no respeito, no carinho.

Na ausência de todos, de quase todos ou de alguns dos valores acima descritos, o casamento rapidamente se transforma num não-casamento. Memórias do que não existiu, saudades de quem nunca esteve, amor e dedicação unilaterais, corpo fantasma presente na cama, fotografias incompletas, compromisso mal selado, desencontro de sentimentos.


De repente, uma epifania: medo, é o medo que bloqueia, impede, atrasa, paralisa, engana, alucinante inimigo das boas decisões! 


"Como vou viver sem ele?" - Já vivo!
"O que vão pensar de mim?"- Não importa! 
"Estarei com idade para recomeçar?" - Recomeçar é a única opção! 
"Mereço este casamento?" - Certamente que não!
"Consigo acreditar que vou ser feliz?" - Certamente que sim!
"Vai ser difícil?" - Muito menos do que até agora!
"Três vezes errada?" - Provavelmente mas vivi intensamente!


Difícil, verdadeiramente difícil é deixar de fumar porque o tabaco tem sido um fiel companheiro.
Virá a ser mais fácil abandonar o que nunca se teve, a não ser na imaginação ou no forte desejo de que as coisas, desta vez, corressem bem.
Pensando melhor, como deixar ir quem nunca esteve?
É como deixar de fumar sem nunca ter posto um cigarro na boca... com a vantagem de dispensar acupunctura, pensos transdérmicos ou ímanes mágicos nas orelhas.



Se ainda sonho? Claro que sim. Se acredito no amor? Claro que sim. Se somos mais felizes com uma alma gémea? Talvez.
Assim como talvez não exista outro caminho que não o de sermos a nossa própria alma gémea.
Talvez tenha chegado a hora de me apaixonar por mim, pela primeira vez na vida.
Talvez tenha chegado a hora de me sentar numa bancada muito confortável e ficar a assistir, a apreciar o modo como a vida dos outros continuará, desta vez, sem a minha (in)dispensável presença.



Preciso de um abraço mas já preciso há mais tempo do que devia!
Preciso de me sentir amada, principalmente, por mim!
Preciso de percorrer o meu caminho sozinha, sem ruídos do passado!
Preciso de me encontrar, de me mimar, de me tratar com o respeito que mereço!
Preciso de estar rodeada do amor sincero, verdadeiro e nutritivo de quem nunca me abandonou!
Preciso tanto de acreditar em mim, principalmente agora!
Preciso libertar a fera que se aprisionou em ideias feitas, preconceitos e medo de julgamentos.
Preciso de ter a certeza que o amor não é um investimento seguro, principalmente quando aplicado em operações de alto risco.
Preciso de um abraço... preciso que me digam que sou bonita... preciso de encontrar amor sincero num olhar... preciso de ser prioridade, não conveniência.

Posso até precisar de ter quem saiba amar-me como sou, da mesma forma que preciso de 3 meses de férias na Provença para, finalmente, escrever...
No entanto, aproveito a analogia e deixo bem claro, a quem possa interessar:
Não volto a deixar de sonhar com a Provença para me contentar com 10 dias na Quarteira em Agosto!

Mensagem a reter:
Sentir que nada tenho a perder é o sentimento mais libertador e poderoso de todos... utilizarei este sentimento, vezes sem conta, até que o respeito por mim própria fique definitivamente restabelecido.









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