terça-feira, 13 de outubro de 2015

O PREÇO DO AMOR








"Estou a pensar em ti e ainda não consigo entender o que te levou a fazer-me tal pergunta... Quanto vai custar? Quanto vai custar?

Num ápice, revi todos os momentos que vivemos juntos nos últimos anos e não há soma, subtracção ou equação que resulte num número, num valor exacto.

Como se faz o câmbio do amor para euros?
Não sabes que os sentimentos não têm preço?
Não sabes que não é possível comprar a mulher que fui para ti?
Não sabes o que é amar de verdade, desinteressadamente?

Fecho os olhos e vejo-nos a dançar na rua, na noite. Vejo-me a rir à gargalhada, o que sabias fazer tão bem. Recordo o teu olhar quando fui dormir a tua casa pela primeira vez. Seria capaz de jurar que vi o amor nos teus olhos. A noite atravessada por suspiros, sem dormir... e mais uma noite... e mais uma noite!





E as tardes de verão, um verão de calor infernal em que mergulhávamos no corpo um do outro e já nem sabíamos quem era quem, deixando deslizar os corpos cansados, lado a lado.

Ergueste um pedestal onde me colocaste, prestaste a vassalagem à rainha que era eu no teu coração. Aio dos meus quereres, sempre a postos para me dar prazer, alegria, conforto. Como poderia eu não te amar? Quase ficavas inocente nos meus braços, sorriso de criança, corpo de homem, força de gigante.
Já nos sabíamos tão bem, as palavras eram desnecessárias. Quando eu olhava para ti, os teus olhos já adivinhavam o que me seguia na alma e eu era a mulher mais bonita do universo e eu era a única mulher no universo.

Acreditei, bebi cada palavra tua e julguei meus os teus sentimentos. Deixei de saber onde eu acabava e começavas tu.
Acreditei ser chegada a minha hora, eras tu quem eu tinha procurado toda a vida, era eu quem tu tinhas procurado toda a vida.
Agora sei, descobri da pior forma, que te inventei, criei-te à imagem do meu ideal e, erro meu, esqueci-me que eras só uma pessoa e as pessoas enganam, mentem, traem.
E eu vi mas não queria ver. Com infantilidade, escondi os teus e os meus erros bem lá no fundo, onde guardo tudo o que me dói e eu me recuso a olhar. Inocência tardia, candura deslocada!





Aflita, desesperada, esperei, esperei que tu voltasses do Inferno para onde tinhas partido sem mim, sem saber se virias, se ainda serias o mesmo mas esperei e juro, juro que tinha fé, muita fé que tu ias conseguir sair sozinho.
Os primeiros passos foram tímidos, incertos da direcção a seguir e olhamo-nos como dois estranhos. Procurei incessantemente um sinal de ti mas o teu olhar inocente tinha desaparecido e já não rias.
Deixaste de me olhar, deixaste de me ver e, aos poucos, deixei de existir.
Bomba atómica emocional, arrasaste tudo o que havia à tua volta, até as flores morriam e os pássaros se calavam à tua passagem.
Criaste o caos, trouxeste escuridão e levaste a minha alegria, a minha saúde, o meu coração deixando-o partido em pedaços tão pequeninos que jamais se irão unir para amar.
Há muito se quebrou a aliança que ambos ostentávamos orgulhosamente, certos de que éramos amados como mais ninguém.

Quanto vai custar?

A ti, não sei mas a mim está a custar... muito!





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